“Não adianta trocar todo o sistema de esgotamento sanitário se não resolver a drenagem”, diz Alexsandro Chaves, gerente regional da Compesa de Petrolina

O gerente regional da Compesa de Petrolina, Alexsandro Chaves, abordou hoje (14), durante uma entrevista concedida ao programa “Nossa Voz”, os desafios enfrentados pelo bairro João de Deus em relação aos problemas de esgoto.

Questionado sobre a situação específica da Rua 61 no referido bairro, Chaves aproveitou a oportunidade para responder ao secretário executivo de Serviços Públicos de Petrolina, Alisson Oliveira, que havia atribuído à Compesa a responsabilidade pela situação. Chaves ressaltou que a questão é mais complexa do que parece.

“A obra na Terezinha Campos foi recentemente concluída, incluindo a troca de trechos de tubulação, num investimento total de aproximadamente 500 mil reais. No entanto, estamos na fase final da obra, aguardando apenas a conclusão da pavimentação. Atualmente, estamos na segunda fase, que envolve a limpeza completa da rede de esgoto do bairro João de Deus”, explicou Chaves.

Ele também apresentou registros fotográficos detalhando a situação da rede de esgoto, destacando os desafios enfrentados. “Podemos observar uma porcentagem significativa, cerca de 90%, da rede comprometida com areia. Isso é preocupante, pois a presença de areia no sistema de esgoto é uma questão que não deveria ocorrer, exceto por pequenas exceções, como ligações clandestinas à rede de drenagem”, acrescentou.

Chaves enfatizou a interconexão dos problemas de drenagem e pavimentação, ressaltando que aproximadamente 25 das 75 ruas do bairro ainda não foram pavimentadas. “A ausência de um sistema adequado de drenagem, aliada à falta de pavimentação, resulta no acúmulo de lama, que acaba contaminando o sistema de esgoto. Além disso, o comportamento da população em momentos de alagamento agrava ainda mais a situação”, afirmou.

Chaves destacou a necessidade de abordar não apenas a questão do esgoto, mas também a problemática da drenagem inadequada que agrava a situação. “Boa parte da população começa a abrir as tampas dos Pontos de Visita (PV) acreditando que a água será drenada pelo sistema de esgoto, mas isso não resolve o problema e acaba contribuindo para o acúmulo de lixo”, ressaltou.

Quanto às alegações de perdas financeiras por parte da prefeitura, Chaves rebateu, destacando que a Compesa também enfrenta prejuízos significativos devido à falta de investimentos em drenagem. “A Compesa está perdendo cerca de 500 mil reais por conta da inadequação da drenagem. É imprescindível que haja uma colaboração efetiva entre o estado, a prefeitura e a Compesa para resolvermos esses problemas interligados de drenagem, esgoto e pavimentação”, afirmou.

Chaves também destacou a necessidade de uma abordagem integrada para resolver os problemas. “Se não se juntar para poder de fato resolver o problema, a gente trocar como ele disse precisa trocar a tubulação. Se eu trocar 100% da tubulação não resolve, quando chover vai entrar tudo de novo. Enfim, não adianta de nada trocar todo o sistema de esgotamento sanitário, como foi alegado, se não resolver a drenagem”, acrescentou.

Questionado sobre a mediação do Ministério Público para essa união, Chaves admitiu a relevância da intervenção, mas destacou que a colaboração entre os gestores é essencial. “Acredito que seja mais uma questão política. A Compesa, enquanto instrumento do estado, deve atuar em parceria com os municípios para alcançar resultados efetivos em termos de infraestrutura”, explicou.

Sobre a ameaça de processo por parte do gestor municipal de Petrolina, Chaves afirmou que a Compesa está preparada para defender seus interesses. “Estamos prontos para apresentar nossa defesa, mas também estamos comprometidos em trabalhar em conjunto com a prefeitura para resolver os problemas existentes, como é o caso da Rua 61”, concluiu Chaves.